quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Notícias do Cidadão

Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que cerca de 4,5 milhões de idosos - 1,3 milhão a mais do que em 2008 - terão dificuldades para exercer as atividades da vida diária nos próximos dez anos. Desse total, 62,7% são do sexo feminino.

Para Ana Amélia Camarano, coordenadora da área de População e Cidadania do Ipea, mesmo que a proporção de idosos com incapacidade funcional diminua como resultado de melhorias nas condições de saúde e de vida em geral, ainda assim, muito provavelmente cerca de 3,8 milhões de idosos vão precisar de cuidados de longa duração em 2020.

“O objetivo do estudo é levantar a discussão sobre de quem é, de fato, a obrigação de cuidar das pessoas idosas e se esse cuidado tem que se transformar em um risco social. A questão é se essas pessoas têm o direito ou não de ser segurado do Estado, como ocorre no caso da Previdência Social e da assistência à saúde”, ressalta Camarano.

A pesquisadora do Ipea lembra que a Constituição Brasileira, a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso responsabilizam as famílias por esses cuidados. Segundo ela, o estudo apresenta argumentos para que o Estado e a iniciativa privada assumam e dividam com as famílias essa responsabilidade.

“Eu acho que o Estado tem, sim, que assumir uma posição mais efetiva na criação de mecanismos de proteção e cuidado das pessoas idosas. Porque a capacidade de as famílias desempenharem esse papel está diminuindo ano a ano e, paralelamente, aumenta a demanda. E alguém tem que assumir isso. A grande questão que se impõe é: esse é um risco social que o Estado deve assumir? Eu acho que sim, porque a perda da capacidade laborativa é um risco social decorrente da idade avançada. E o Estado já assumiu essa perda quando criou a Previdência Social e a aposentadoria por invalidez”, enfatiza.

Segundo Camarano, a ausência de uma política estruturada e articulada de cuidados formais do idoso, ponto de partida para as reflexões do estudo, faz com que, hoje, a família venha a desempenhar o papel de cuidar ou descuidar de aproximadamente 3,2 milhões de idosos sem praticamente nenhum apoio, seja do Estado ou do setor privado.




Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Cuidados com idosos foram discutidos em seminário

Brasil possui cerca de 19 milhões de pessoas idosas. Destas, 3,2 milhões são consideradas frágeis
http://agencia.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1685:cuidados-com-idosos-foram-discutidos-em-seminario&catid=10:disoc&Itemid=9

Mais sobre o assunto, no Portal Terceira Idade
Diálogo Aberto > Cidadania > Solidariedade: Campanhas
Campanha “Seja um Cuidador Voluntário” ganha mais voluntários!
O Portal está recebendo e-mails de pessoas de vários estados do Brasil que querem doar seu tempo para idosos e pessoas sozinhas que não tem mais a capacidade de cuidar de si mesmas.

Brasil tem um geriatra para cada cinco mil idosos (trecho)



No entanto, enquanto o número de idosos cresce no Brasil, o número de geriatras, talvez um dos profissionais mais importantes voltados à saúde desta faixa etária, parece que segue o caminho contrário.

Dados da Sociedade Brasileira de Geriatria apontam que o Brasil tem um geriatra para cada cinco mil idosos. O recomendável, de acordo com a instituição, seria um para cada mil. Apesar de o país ganhar todo ano quase 800 mil idosos, os números mostram que faltam cinco mil médicos nessa área.

São raros os brasileiros que tem o acompanhamento de um geriatra. O país inteiro tem apenas 922 médicos especializados em geriatria para uma população de 21 milhões de pessoas acima de 60 anos. Deste grupo, pelo menos cinco milhões têm problemas de saúde e precisariam do acompanhamento de um geriatra.

Quando se observa o mapa de distribuição de geriatras em todo Brasil é ainda mais impressionante. São Paulo tem 410 profissionais. O Rio de Janeiro tem apenas 78. Os estados do Nordeste têm menos ainda: 11 em Pernambuco e seis na Paraíba e no Maranhão, por exemplo. Mas na Região Norte a situação preocupa: Amapá, Amazonas e Tocantins têm apenas um geriatra cada.

“Geriatria não faz parte do currículo de graduação de medicina no Brasil. O país inteiro tem apenas 21 cursos de pós-graduação e 60 vagas de residência na especialidade. É uma consulta longa no consultório e é uma consulta longa fora do consultório. Isso as pessoas não querem. Elas querem ficar mais livres, receber seu salário e ir embora. É uma especialidade de muito trabalho”, observa Silvia Pereira, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria.

No dia a dia, a maioria dos idosos brasileiros não se trata com especialista em geriatria. Quando tem um problema, vai ao clínico geral, ao cardiologista ou ao ginecologista. A expectativa de vida dos brasileiros aumenta de geração em geração. Vamos torcer para que, nos próximos dez anos, novos dados apontem para um crescimento no número de geriatras no Brasil.
foto notícias
Vídeo: Globo.com / divulgação
Infográfico: Portal Terceira Idade / Fonte: IBGE - Censo 2010